Diário de um Químico Digital 3.0

Química, TICs e outras treconologias. :)

Bóson de Higgs foi anunciado hoje. Será? — 04/07/2012

Bóson de Higgs foi anunciado hoje. Será?

Em 1964, seis físicos teóricos propuseram a partícula que acabou levando o nome do Prof. Peter Higgs.

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Hoje, cientistas do Large Hadron Collider anunciaram uma nova partícula subatômica que é consistente com as previsões desses teóricos.

Esta é uma das maiores descobertas científicas do século XXI, até agora.

Mas o que é exatamente este “Bóson de Higgs”, e por que os físicos de partículas gastaram mais de 40 anos procurando por ela?

Buscando trazer mais informações aos leitores do blog, resolvi traduzir esse artigo “fresquinho” do site da BBC News.

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  • O QUE É O BÓSON DE HIGGS?

A partícula só existe nas mentes dos físicos teóricos. Existe uma teoria “robusta” acerca de como o Universo funciona – todas as partículas que produzem átomos e moléculas e toda a matéria que nós vemos, muitas das forças que os governam, e uma pequena coleção de partículas ainda mais exóticas. Esse é o chamado “Modelo Padrão”.

Entretanto, existe um buraco evidente na teoria: ele não explica como é que algumas das partículas ganham sua massa. O mecanismo de Higgs foi proposto em 1964 por seis físicos, incluindo o teórico de Edimburgo Peter Higgs, como uma explicação para preencher esse ‘buraco.

  • QUER ENTENDER MELHOR O ASSUNTO?

ACOMPANHE A ANALOGIA A SEGUIR:

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A melhor teoria dos cientistas para explicar porque coisas diferentes possuem massa é o “campo de Higgs” – onde a massa pode ser percebida como uma medida da resistência ao movimento. O “campo de Higgs” é exibido aqui como uma sala cheia de físicos conversando entre si.

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Um cientista bem conhecido entra na sala e causa uma grande agitação – atraindo admiradores a cada passo e interagindo fortemente com eles – assinando autógrafos e parando para conversar com cada um.

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À medida que ela torna-se rodeada por seus ‘fãs”, ela encontra mais resistência para se mover ao longo da sala – nesta analogia, ela adquire massa devido ao “campo” de fãs, com cada fã atuando como um bóson de Higgs.

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Se um cientista menos popular entra na sala, apenas uma pequena parcela de público é arrecadada, com ninguém clamando por atenção. Ele sente que é mais fácil se mover ao longo da sala – por analogia, sua interação com os bósons é menor, e então ele tem uma massa menor.

FONTE DAS IMAGENS: CERN/UCL via BBC News

  • POR QUÊ A MASSA É TÃO IMPORTANTE?

Massa é, de forma bem simples, uma medida de quanta coisa um objeto – uma partícula, uma molécula ou um Yokshire Terrier – contém. Se não fosse pela massa, todas as partículas fundamentais que geram os átomos e os cãezinhos Terrier poderiam ficar zanzando por aí à velocidade da luz, e o Universo como nós o conhecemos poderina nunca ter se consendado em forma de matéria.

O mecanismo de Higgs propõe que existe um campo permeando o Universo – o campo de Higgs – que permite às partículas obter sua massa. Interações com o campo – com os bósons de Higgs que vêm de lá – têm o propósito de dar massa às partículas. Isso não é diferente de um campo de partículas de neve, no qual a marcha impede o progresso; seus sapatos interagindo com as partículas de neve diminuem sua velocidade.

  • POR QUÊ OS CIENTISTAS PROCURAM PELO BÓSON DE HIGGS?

Ironicamente, o Modelo Padrão não prevê uma massa exata para o bóson de Higgs, Aceleradores de partículas tais como os do LHC são usados para procurar sistematicamente pela partícula ao longo de uma faixa de massas onde ele pode plausivelmente estar. O LHC trabalha colidindo e ‘esmagando’ dois raios de partículas sub-atômicas chamadas prótons (ou protões, para os meus colegas portugueses) a velocidades próximas à da luz. Isso gera um vasto ‘chuveiro’ de partículas que são criadas apenas em condições de altas energias.

O bóson de Higgs provavelmente nunca poderá ser observado diretamente, mas os cientistas no LHC têm procurado por um que fugazmente possa existir nessa sopa de partículas. Se ele se comportar como os pesquisadores pensam que ele o fará, ele deveria posteriormente decair em uma série de outras partículas, deixando um rastro que prova a sua existência.

O LHC não é a primeira máquina que procura pela partícula. Outra, de nome LEP, que também funcionou no CERN de 1989 a 2000, descartou a partícula até uma certa faixa de massas, e até o seu desligamento em 2011, o acelerador Tevatron procurou pela partícula numa faixa superior de massas. Na segunda-feira, o time do Tevatron liberou sua análise final, que tentadoramente aponta para uma partícula muito parecida com aquela que os dados do LHC sugerem.

  • QUANDO NÓS SABEREMOS SE ELA FOI REALMENTE ENCONTRADA?

Os físicos de partículas são notoriamente conservadores quando se trata de dize se eles encontraram algo. Se você jogar uma moeda 10 vezes e conseguir 8 coroas, você poderá pensar que a moeda está de alguma forma ‘viciada’. Mas apenas após centenas de jogadas você poderá afirmar isso com um tipo de certeza que os físicos requerem para uma descoberta “formal”.

O primeiro obstáculo é definitivamente determinar a massa da partícula – fazendo um confronto entre grupos de dados – e esta parte está quase concluída. A próxima etapa é certificar-se de que a partícula se comporta como a teoria prediz – como ela interage com outras partículas e como ela decai em outras partículas mais. Esta é a última fronteira da física de altas energias e uma completa e certa entrada no Modelo Padrão está provavelmente um pouco longe de acontecer. 

  • ENTÃO QUANDO?

Muitos físicos profissionais poderiam dizer que encontrar o bóson de Higgs na precisa maneira que a teoria prediz poderia ser um verdadeiro desapontamento. Projetos de larga escala tais como o LHC são construídos com o objetivo de expandir o conhecimento, e confirmar a existência da partícula exatamente onde nós esperávamos, enquanto poderia ser um grande triunfo para nossa compreensão da física, poderia ser muito menos excitante do que não encontrá-la. São esses tipos de surpresas que têm levado a revoluções na ciência.  

Fiquemos tranquilos, embora – se o padrão continuar e essa versão mais simples do bóson de Higgs tomar o lugar de honra no Modelo Padrão, muitas grandes questões permenecem. Afinal de contas, o Modelo Padrão explica a matéria como nós a conhecemos, mas existe muita razão para acreditar que a matéria ocupa apenas 4% do Universo observável. O resto – matéria escura e energia escura – pode se provar ainda mais difícil de definir. É como se nós estivéssemos próximos a completar um lado de um cubo de Rubik e sendo lembrados de que as outras cinco faces ainda estão bagunçadas. 

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• O Modelo Padrão é o mais simples conjunto de ingredientes – partículas elementares – necessários para criar o mundo como nós vemos.

 Quarks são combinados para produzir, por exemplo, os prótons e os nêutrons – os quais formam os núcleos dos átomos hoje – embora combinações mais exóticas existissem nos primeiros dias do Universo.

• Léptons existem em versões carregadas ou neutras; elétrons – são os létons carregados mais familiares – junto com os quarks produzem toda a matéria que podemos ver; os létons neutros são os neutrinos, que raramente interagem com a matéria.

 As “forças motrizes” (force carriers) são partículas cujos movimentos são observados como forças familiares, tais como as que estão por trás da eletricidade e luz (eletromagnetismo) e decaimento radioativo (força nuclear fraca).

 O bóson de Higgs surgiu porque apesar do Modelo Padrão se sustentar razoavelmente bem, nada requer que as partículas possuam massa; para uma teoria mais completa, o bóson de Higgs – ou algo além – precisa preencher essa lacuna.

 

P.S.: E porque ela é chamada de “Partícula de Deus”? 

Segundo essa outra fonte:

O bóson de Higgs é chamado de “Partícula de Deus” por causa de um livro que teve o título trocado. O Prêmio Nobel de Física, Leon Lederman, queria chamá-lo de “The Goddamn Particle” (“a partícula maldita”), por ser difícil de encontrá-la. O editor tirou o termo “damn” e colocou o título de “The God Particle”, já que temia que a palavra “maldita” fosse considerada insultante.

O poder do networking na carreira acadêmica — 28/06/2012

O poder do networking na carreira acadêmica

Artigo traduzido do original “Little Things I Wish I’d Known Before Starting Grad School: Part 1

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Ontem eu estava pensando sobre os meus primeiro anos na faculdade. Eu relembrei minha semana de entrevistas (equivalente ao vestibular), encontros com professores, visitas aos laboratórios, aceitando propostas, mudando-me para uma nova cidade para poder estudar, alugando um apartamento, e finalmente iniciando o curso. Então eu pensei sobre coisas que poderiam ter feito minha experiência mais apreciável.

Eu pensei sobre as minhas escolhas profissionais até o presente momento, e o que eu desejava ter sabido e feito para tornar minha procura por um emprego ideal acontecer mais cedo do que realmente aconteceu. Isto me deu uma idea para uma série na qual eu desejo compartilhar alguns “insights” sobre o que eu queria ter feito ou sabido quando eu embarquei na grduação, e mais tarde na minha experiência de pós-doutorado. Eu penso que essas dicas poderiam ter feito minha vida mais fácil se eu as tivesse conhecido e/ou posto em prática mais cedo. 

Networking como um profissional

Eu já ouvi o termo “networking” quando estava na graduação. Ele pareceu um pouco aborrecido naquela época. Eu fui a alguns seminários sobre carreira voltados a estudantes de graduação, mas eu nunca dei muita atenção a eles. Eu sou muito extrovertido (sou conhecido por manter conversações com vencedores de Prêmio nobel sobre qualquer coisa relativa a ciências) então eu pensei que o tal “networking” viria naturalmente. Eu tinha alguns amigos que diziam que esta característica poderia me ajudar, mas eu nunca pensei muito sobre isso. 

Então, no ano passado, quando eu estava procurando por emprego, surgiu uma ideia de que se eu procurasse retornar ao meu campo de treinamento em biologia estrutural, eu nunca poderia cortar os laços com o campo. Eu nunca deveria  parar de ler artigos, checar os artigos mais recentes da área… mas o mais importante, eu deveria manter ‘ganchos’ e pessoas nos laboratórios nos quais eu estava interessado.

Durante quase todo seminário de carreira que eu participava, eu sempre ouvia a mesma coisa: “Muitos empregos não são encontrados via sites de de procura de empregos, mas através de contatos, através de pessoas na nossa rede (daí o termo ‘networking’)”. No meu caso, um amigo no Twitter compartilhou um link (e mais importante, encorajou-me) a ‘dar um tempo” na minha posição atual. 

Eu não estava muito disposto a me candidatar, principalmente porque eu ficaria fora do meu campo por dois anos, algumas coisas mudariam, e eu não estava seguro de que minha mudança de disciplina poderia realmente cair bem com minhas novas aspirações profissionais.

 Por sorte, eu mantive um bom relacionamento com meu mentor, e eu tive um excelente treinamento (e cartas de recomendação) as quais me tornaram competitivo. ptúú (som de cuspe sendo atirado ao longe)

A procura épica por emprego em 2011 serviu como uma lição, como uma forma de mostrar a mim que o importante é manter os tais ‘ganchos’ no campo, especialmente aquele que podem se tornar em mentores ou colaboradores no futuro. Isso me mostrou que nunca é cedo para encontrar pessoas e fazer contato, especialmente durante a fase de treinamento. Isso também me mostrous que uma conferência importante da qual eu participei durante minha graduação serviu como uma forma de encontrar professores e seus orientandos para futuras referências.

 

Nunca é a hora errada para econtrar e agradecer pessoas. Eu estou feliz porque minha faculdade encorajava fortemente os estudantes e pós-doutorandos a encontrar-se com visitantes de altíssimo gabarito, sair para lanchar ou jantar e conversar com eles. Eu apenas desejava que isso tivesse acontecido mais cedo para mim.

Com isso, eu digo a vocês que é muito importante tirar vantagem dos compromissos sociais com pessoas no nosso campo, especialmente se você estiver interessado em continuar nele de uma forma ou de outra. É importante manter aqueles relações vivas, até que você conheça alguém que você sinta que será importante na sua área, agora ou para o futuro, enviar-lhe um e-mail de vez em quando, oferecer-se para encontrá-lo em palestras ou conferências que vocês dois vão participar. Se este contato estiver no Linkedin ou Twitter, interagir com ele ou com seus orientandos, ver como eles estão confortáveis com seu chefe, e o quanto ele oferece de suporte aos seus subordinados (essas pistas lhe darão indicativos do quanto você se sentirá confortável nesse grupo).

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Mas mantenha em mente, isso é uma via de mão dupla, pense sobre o conhecimento e ‘expertise’ que você terá que oferecer, você poderá ter que dominar uma técinca ou caminho com a qual seu futuro chefe pode também não estar totalmente familiarizado. Não fique com medo de futuras colaborações. Mais importante, enquanto você está sob as asas do seu orientador de pós-doc ou doutorado, tire vantagem da rede dele e expanda a sua. Peça a ele para apresentá-lo a essas pessoas-chave, especialmente quando elas estiverem visitando-o, ou enquanto ambos estiverem em uma conferência. Se eles estiverem na mesma faculdade, ofereça-se para conduzir uma visita aos laboratórios, ou convide-os para seus seminários. Eu fiz isso, e foi uma das experiências mais recompensadoras que eu já tive. Adicionalmente, esse mentor é um dos meus ‘referees’, e ele agora sabe quem eu sou e que sou mais do que uma simples “pessoa” que ele encontrou por aí em uma visita de rotina. Ele está atento ao que eu já fiz e estou fazendo, e sabe que são coisas importantes.

30 anos de um trabalho fundamental de Química Teórica e Computacional — 18/04/2012

30 anos de um trabalho fundamental de Química Teórica e Computacional

No canal da Editora Wiley no facebook saiu uma nota sobre um artigo clássico da área de Química Computacional e, como este é o meu chão, eu não poderia deixar passar em branco.

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Segue a tradução da nota:

Conhecer a superfície de energia potencial (potential energy surface – PES) dá uma ideia fundamental das propriedades estruturais e dinâmicas de um sistema molecular. 30 anos se passaram desde que o Journal of Computational Chemistry publicou o artigo pioneiro, “Optmization of equilibrium geometries and transition structures” (Otimização de geometrias de equilíbrio e estruturas de transição) de autoria de Bernhard Schlegel, o qual trazia a exploração da PES para dentro da Química Quântica. Um simpósio especial no ACS Fall Meeting (a ser realizado logo) celebra essa data, reunindo alguns dos químicos quânticos de destaque para discutir o atual estado, e futuras discussões, neste campo.
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                                                      FONTE DA IMAGEM

Saiba mais sobre o periódico: http://tiny.cc/JCCHome
Veja o artigo pioneiro: http://tiny.cc/PESarticle
Saiba mais sobre o Simpósio da ACS: http://tiny.cc/ACSSchlegel

Na sequência do post eu coloquei uma cópia em PDF do artigo de Schlegel para quem tiver interesse em baixar, embora a Wiley esteja oferecendo acesso gratuito a ele neste momento.

Encontrado o erro que nos fez crer em neutrinos mais rápidos que a luz — 09/03/2012

Encontrado o erro que nos fez crer em neutrinos mais rápidos que a luz

Parece que os resultados do “neutrino mais rápido que a luz“, anunciados em setembro de 2011 pelo consórcio OPERA na Itália, são devidos a um engano no final das contas.

Uma conexão errada entre uma unidade de GPS e um computador pode ter sido a causa.

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Físicos detectaram neutrinos viajando do laboratório do CERN em Genebra ao laboratório Gran Sasso próximo a L’Aquila que pareciam ter feito a viagem em torno de 60 nanosegundos mais rápidos que a velocidade da luz. Muitos outros físicos suspeitaram que esses resultados eram devido a algum tipo de erro, dado que estava em desacordo com a teoria especial da relatividade de Einstein, que diz que nada pode viajar mais rápido que a velocidade da luz. A teoria tem sido vindicada por muitos experimentos ao longo das últimas décadas. 

De acordo com fontes familiares ao experimento, a discrepância de 60 nanossegundos parece ser causada por uma conexão ruim entre o cabo de fibra ótica que conecta o receptor de GPS usado para corrigir o “tempo de voo” dos neutrinos e uma placa eletrônica em um computador. Após apertar as conexões e então medir o tempo que leva para os dados viajarem por todo o comprimento do cabo de fibra ótica, pesquisadores detectaram que os dados chegam 60 nanossegundos antes do que o anteriormente assumido. desde que esse tempo é subtraido do tempo total de “voo”, isso parece explicar a chegada prematura dos neutrinos. Novos dados, entretanto, serão necessários para confirmar essa hipótese.  

FONTE

 

 

8 mitos sobre jovens e mídias sociais — 08/03/2012

8 mitos sobre jovens e mídias sociais

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  • Mito 1: O mundo digital é separado do mundo “real”.
  • Mito 2: As mídias sociais fazem as crianças se tornarem enganadoras.
  • Mito 3: Mídias sociais viciam.
  • Mito 4: Crianças não se importam com privacidade.
  • Mito 5: A Internet é um lugar perigoso, muito perigoso.
  • Mito 6: Não existe nada educacional nas mídias sociais.
  • Mito 7: Crianças são nativos digitais.
  • Mito 8: A Internet é o grande equalizador.
  • Condordo plenamente com o mito 7, não engulo até hoje essa balela de “nativo digital”!

    Via MindDump

     

    Lucy in the Sky with (nano)diamonds — 06/03/2012

    Lucy in the Sky with (nano)diamonds

    Vi a matéria no Canal Fala Química, no facebook.

    Daí fui pesquisar o link original e compartilho a tradução agora com vocês:

    Notícia publicada no dia 24 de Fevereiro de 2012

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    Pesquisadores australianos desenvolveram um modelo para resolver a origem dos nanodiamantes meteóricos, um quebra-cabeças cosmológico antigo. Seu trabalho pode também ter um impacto sobre um processo importante no planeta Terra: sintetizar diamantes artificiais.

    Até recentemente, investigar a vida do universo em seus estágio iniciais era possível apenas através de espectroscopia. Pela observação da radiações antigas provenientes do espaço, os astrônomos podem efetivamente olhar para trás na história. Isso mudou no final dos anos 1980 quando nanodiamantes (minúsculas partículas de diamente de menos de 2 nm de tamanho obtidas a partir de meteoritos) mostraram conter isótopos nãp usuais de gases nobres que indicavam suas origens fora do nosso sistema solar.

    ‘Essas amostras foram realmente importantes porque foi a primeira vez que nós pudemos dizer “Isso realmente veio de fora do nosso sistema solar,”‘ disse Rhonda Stroud, que estuda nanodiamantes meteóricos no US Naval Research Laboratory em Washington.

    Entretanto, desde a sua descoberta, os nanodiamentes têm confundido mais do que esclarecido, com a aparentemente conflitante evidência a respeito da sua idade e origem frustrar todas as tentativas de desenvolver um modelo realista para a formação dos nanodiamantes que se encaixe em todos os dados. Agora, Nigel Marks da Universidade Curtin em Perth, Australia, e seus colegas propuseram um novo modelo para a formação dos nanodiamantes, os quais eles acreditam oferecer a solução mais simples e óbvia. 

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    Na figura, à medida que as “cebolas” colidem com a superfície, elas se transformarm em diamantes.
    © Phys. Rev Lett.

    O modelo de Marks é baseado na colisão de “cebolas” de carbono – camadas concêntricas de moléculas de fulereno que podem ocorrer naturalmente no espaço. “Cebolas de carbono estão absolutamente em todos os lugares,” diz Marks, “em qualquer lugar que exista vapor de carbono, ele se resfria espontaneamente para formar essas estruturas concêntricas de cebola. O telescópio Spitzer tem mostrado que o espaço está cheio de fulerenos e eu ficaria tremendamente surpreso se ele não estivesse cheio dessas cebolas também. De fato, cebolas são mais fáceis de formar.” E à medida que elas se formam, as cebolas encapsulam outras espécies, fornecendo uma “explicação elegante para como os isótopos terminam capturados dentro dessas estruturas”. Quando essas cebolas colidem umas com as outras, ou com outros materiais, na velocidade adequada, a força do impacto faz com que ocorra uma transição de fase para a forma diamante.

    Mark tropeçou na sua descoberta enquanto conduzia simulações computacionais para investigar anomalias estruturais em uma cobertura fina de carbono. “Nós rodamos muitas, muitas simulações,” disse Marks” e em boa parte dos casos nós observamos que se formou diamante. Nós descobrimos que esse grande enigma existia na astrofísica e quando nós procuramos as condições em nossas simulações, elas eram exatamente as encontradas no espaço.” Marks sugere que as condições ordinárias poderiam permitir a formação de nanodiamantes antes e durante a formação do nosso sistema solar, resolvendo a confusão relativa à evidência de idade dos nanodiamantes.

    Rhonda Stroud diz que o modelo de Marks é bastante convincente mas pode não ser a única explicação. “Eu suspeito que existirão múltiplas origens, múltiplas populações de nanodiamantes e uma vez que nós possamos medi-las individualmente, nós estaremos aptos a distinguir os diamantes de diferentes origens”.

    Stroud também nota que a identificação inequívoca da idade e origem de nanodiamantes específicos requerirá técnicas analíticas potentes que estão apenas começando a se tornar dispo níveis. 

    “O processo de transformação das cebolas de carbono por choque é bastante realista,” confirma Sasha Verchovsky da Open University, Reino Unido, que também trabalha nos cálculos do fenômeno dos nanodiamantes. “Será interessante fazer esse experimento para produzir nanodiamentes a partir de cebolas de carbono.”

    Para Marks, a verificação experimental desse modelo e suas implicações para a ciência dos materiais são o aspecto mais interessante do seu trabalho. “Nós queremos agora criar aparatos que contenham apenas cebolas de carbono e então controlas suas colisões com superfícies,” diz ele. “O que será a peça fundamental de evidência … nós estamos aptos a fazer coisas que nós normalmente não fazemos com carbono … e se funcionar, nós teremos uma nova forma de produzir diamante.”

    Referências

    N Marks, M Lattemann and D McKenzie, Phys. Rev. Lett., 2012, 108, DOI:10.1103/PhysRevLett.108.075503

    Bônus: vídeo com uma animação da simulação computacional